Contos e Causos


VISÃO ANTROPOLÓGICA DE UM BAR MORRETENSE

Ali se reúne uma variedade de pessoas, cada grupo com seus costumes. O grupo da entrada, fica entre o bar e a rua, isto é, entre " A Casa e a Rua", diria o antropólogo Roberto DaMatta. É a turma do futebol do sábado. Ao menos eles dizem que jogam bola.
Pouco mais a dentro, na ponta de entrada do balcão, ficam aqueles que gostam de estar entre o público e o privado. Normalmente são eles os mais simpáticos. Amigos de quem passa pela rua e de quem entra no bar.
A parte central do balcão fica para o atendimento daqueles fregueses que não bebem muito. É a parte neutra do estabelecimento.
A ponta dos fundos, já em meio a uma certa penumbra, é o lugar da reflexão. É a parte privada do bar. Ali se concentram os críticos. Não fazem questão de serem cumprimentados pela exterioridade, já que suas conversas estão voltadas para dentro. Neste lugar eles destituem o presidente, assumem a prefeitura e transam com as mulheres mais bonitas da cidade. Normalmente eles estão de costas para fora. Não querem saber do mundo. Ou melhor, não vivem o mundo.
Lá pelas tantas, acabam todos abraçados na garrafa.
Ir a este bar , não deixa de ser uma aprendizagem antropológica. É um verdadeiro ritual, pois todos os dias, no mesmo horário, lá estão as mesmas pessoas com as mesmas conversas. Através da repetição, os ritos servem para reforçar o comportamento social e os costumes de uma cultura.
Prá que melhor do que samba, cachaça e futebol .

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