Engenhos de Aguardente


Engenho Novo.

Engenho dos Scucato.


OBJETIVO DO TRABALHO

     Tentamos demonstrar a influência dos engenhos nas crenças e costumes do povo morretense. Todo o trabalho foi baseado em pesquisas literárias, de campo e entrevistas a diferentes pessoas e papéis exercidos por elas. A primeira é secretária da cultura, que vivenciou o período do engenho, podendo nos retratar essa época. A segunda é o novo produtor, que, por curiosidade, adquiriu um alambique e hoje produz até 50 litros de cachaça por dia. E o terceiro é o neto de dono de engenho e tem não só o objetivo de resgatar as raízes, mas também visa lucro. Os engenhos, para muitos, hoje, não passam de um fato histórico que perdeu-se em ruínas. Entretanto, conseguimos compreender toda a contribuição cultural e perspectiva econômica deixada por eles.


Engenho dos Gnatta.

Engenho dos Gnatta.

 

     Com o auge da produção de açúcar em todo o Brasil, foram decretados a implantação de engenhos centrais em determinados pontos do país. Um destes foi introduzido na cidade de Morretes. Como apoio do poder público, o engenho central de Morretes foi implantado na colônia Nova Itália, podendo contar com a quantia inicial de 100 contos de réis destinados ao seu engenho. Estabelecido um contrato com os colonos da Nova Itália, estes deveriam produzir a cana e vende-la somente ao engenho central.

     Descontentes com o baixo preço que recebiam pela cana-de-açúcar e por considerar o trabalho quase que escravo, decidiram suspender a venda de cana ao engenho central e pediram a construção de um engenho de aguardente, pois a colônia possuía estrutura para tal. Foi assim que surgiram os engenhos de alguns imigrantes. A decadência do engenho central iniciou-se com a morte dos seus dirigentes e com a visita de D. Pedro II, que questionou a qualidade da cana do nosso litoral. Daí para frente começou a depender da ação empreendedora dos italianos, que inicialmente dedicaram-se à produção de aguardente ( família Malucelli ).

     Os pequenos produtores de aguardente começaram a se concentrar por toda a região, a maioria ao redor do Anhaia e ali se instalaram e desenvolveram seus alambiques, passando a produzir a famosa cachaça morretiana. Nessa época, Morretes possuía por volta de 40 engenhos de aguardente e sua cachaça foi se popularizando por todo o país, representando grande parte da economia da cidade e influenciando diretamente na cultura dos nativos. Mesmo com uma forte influência econômico-cultural, os engenhos de aguardente também não resistiram a falta de mão-de-obra, de água e dos altos impostos, passando a dedicar-se às novas culturas (maracujá e gengibre). A partir daí, deu-se a principal decadência dos engenhos e de sua cultura.


Engenho dos Gnatta.

Engenho dos Gnatta.

 

     Presentes nas casas, através de quadros e artefatos e na memória dos morretenses, os engenhos desencadearam toda uma cultura, que, durante quase um século, consagraram a Terra da Cachaça.

     O que antes era a principal fonte de economia da região, hoje vem despertando o interesse dos investidores que acreditam nessa retomada como uma fonte de renda para o município, como é o exemplo da família Scucato, que, no próximo mês, "reinaugura" a velha saga familiar, por auxiliarem na "velha cachaça morretiana".

CONCLUSÃO

     Percebemos com nosso trabalho que o histórico-cultural perde-se quando o assunto é desenvolvimento. Hoje a cana é praticamente extinta da cidade de Morretes e seu nome é utilizado para rotular as cachaças vindas de São Paulo; estas são adulteradas com açúcar queimado e até mesmo com fumo, para designar a coloração amarelada, antes, sinônimo de envelhecimento. Todo o trabalho e desenvolvimento que a cidade sofreu para chegar a ter considerada sua cachaça como a 3ª melhor do Brasil, vinha perdendo-se, mas graças a um grande interesse e um minucioso trabalho que vem se desenvolvendo na cidade, há possibilidade do resgate da cultura e conscientização da verdadeira importância e todo o campo influente atingido pelos engenhos e seu produto: a cachaça.

Participantes:
Idalina Branco;
Leomar Aparecida Furquim Correia;
Letéia Tatiane da Silva;
Márcia Regina Skorupa;
Maria Ivanir Silveira;
Paola Schubert;
Sophia Chessio;
Stephanie Consentino